sábado, 3 de maio de 2008

personagens que não vingaram

COLÉRICA: MULHER QUE SOFRE DE BOCA SECA.

GARÇONETE: RESPRESNETA O PORVIR TRÁGICO OU RADIANTE DE ALIMENTOS OU FENÔMENOS. ANTECIPA DESTINOS E REVELA MISTÉRIOS COM OS QUAIS ADORAMOS CONVIVER.

PROFESSOR DE LÍNGUAS: FOI CONQUISTADO POR SANGUÍNEA NA ÉPOCA DO CAFÉ COM CREME. NUNCA MAIS FORAM TÃO ÍNTIMOS COMO NAQUELE DIA.

SANGUÍNEA: SUA INCONSTÂNCIA É EXPLICADA PELO FATO DE QUE ELA NUNCA PERDE O FIO DA MEADA. O FIO ASSALTA QUANDO QUER, E SANGUINEA ACABA CUSPINDO UM TEMA SOBRE OUTRO.

MELACÓLICA-OMBROS-CAÍDOS NÃO GOSTA DE FLASHES DE CÂMERAS FOTOGRAFICAS. ATRIZ DE FOTONOVELA, SEMPRE LEVA A MÃO AO ROSTO. QUANDO, NO FINAL DA TRAMA, ELA DECIDE AFASTAR A MÃO DO ROSTO, BEIJA O NADADOR MISTERIOSO. A AÇÃO DURA POUCO E AINDA ASSIM É O SUFICIENTE PARA CONQUISTÁ-LO.

FLEUMÁTICA: SANGUE-FRIO, MAS VIVEU NUMA APATIA INOFENSIVA. MAS AGORA QUE MORREU PODE USAR O SANGUE FRIO A SEU FAVOR. CONQUISTARÁ O DIRETOR.

MELANCÓLICA: Morreu afogada?
GARÇONETE: Morreu (todas olham para trás, menos Colérica). Morreu porque dentro desse pescoço de tricô nervurado, armadura que desce até o ventre em forma de espinha encontra com tamanha seda gase transparente azul acinzentada, havia um corpo nu.

DIRETOR É “ HOMEM QUE RESPONDE QUALQUER TIPO DE PERGUNTA”.

- Olá meninas! (uma bate palminhas com euforia - sanguínea- e a outro exige que a amiga fique em silêncio para que o Diretor comece. Ele fala como se tudo fosse um comercial). “O controle da quantidade de luz natural é uma característica especial das persianas, pois elas não permitem a entrada dos raios solares, o que protege os móveis, mas deixam que a claridade chegue no ambiente, tornando-o aconchegante e confortável. Além de criar esses efeitos e sensações, as persianas proporcionam mais privacidade ao espaço onde se encontram.” Mas existem mulheres que não gostam de persianas (olha para atrás e olha para a própria Colérica, que tira uma única lente de óculos e gruda num só olho para examinar o marido de longe) Que preferem a comoção sem disfarce, sem luz e penumbra, ou um evento esportivo (uma menina suspira - melancólica- e a outra ri da amiga com docilidade – fleumática).

pink fluor é a cor de acordar da anestesia

A dama do sarcófago
Gabriele D'Annunzio

Uma mulher de porte imperial
Sobre o grande sarcófago romano
Recostada - onde desenha o plano
Notável de um cortejo sepulcral -
Espera acaso o Édipo fatal
Que decifre o enigma sobre-humano?
Ou talvez a irmã Morte que o profano
Sonho feche na pedra funeral
Sua boca não diz sua ciência.
Quem há de sugar da sanguínea polpa
Daquele fruto misterioso a essência?
Vela. E nos fundos olhos impudicos,
Assombrados já da futura culpa,
Transpassam sombras de antigos delitos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

são joão del rei

À revelia de qualquer irreligiosidade, um minuto depois da morte, ele movimenta os dentinhos e começa:

- Um dobre fúnebre, meus amigos! Terceira cabeça de sineiro abatida pela violência da saia de ferro do maior dos sinos! Que fique claro: aquele quarto homem, já descarnado no chão, foi o único a morrer pelo badalo, solto no ar e em seguida na fronte do infeliz. Não há registros de suspiros derradeiros na face de um sineiro que sucumbe durante o ofício. Então, avise a família do Desvirgulado! Bom sineiro, parceiro e exímio dobrador! Sim,eu tentei acompanhar seus ímpetos! Ele emendava gestos bruscos e rápidos, que impulsionavam o giro completo e violento do sino durante o dobre dos feriados cristãos. Foi rei na torre esquerda dessa catedral! Um dobre fúnebre, que dure três cigarros, para ele, meu querido sineiro, que vai putrefazer-se nesse espaço de 4 por 5! Desvirgulado vai deixar de ser sólido entre os amigos!

Aí ele tropeça e cai sobre a própria bunda, encharcando as calças de sangue.

(Costumava-se não tocar os mortos. Assim como não é habitual morder a língua de propósito. Cada corpo que cai dissolve-se no chão. Está previsto pelo senso comum a existência de infinito tapete cadavérico. Quem morre torna-se, por excelência, retalho. Uma vez morto, procede-se com naturalidade e com todos os sentimentos naturais. Só não é de costume segregar os mortos.)


quinta-feira, 24 de abril de 2008

(para o extinto café com creme e seu muso) Dentro da cafeteria, todo mundo

mascava a própria nulidade. E não podia ser de outro jeito.
- Já chega! Estou terrivelmente cansada e não me ocorrem argumentos para continuar.
- Claro que você está cansada, querida. Mentir tem um alto custo físico.
- Enfia no as suas conversas de boa fé.
- Que coisa estúpida de se dizer!
- Eu só não quero dar a entender que ainda agüento olhar para a sua cara.
Ao concluir este relacionamento, a ruiva desaponta o castanho. Ele vira para o lado e usa seu guarda chuva como extensão do dedo indicador para cutucar uma outra ruiva que estava em pé tomando capuccino no balcão:
- Então, querida, o que você anda chupando?
- Nada demais... Um lobo do mar... uma vespa agressiva... hum... deixa eu ver .... um anjo caído, um biscoito do mar, um pistoleiro calado, uma pimenta crepuscular, um cisne equivocado e eventualmente uma maçaneta.
- Não me diga...
- Ah, chupo sim...
Uma das garçonetes da cafeteria volta a se odiar e a pensar em suicídio. Ela comenta com sua colega de trabalho:
- Vamos servir alguma coisa.
- Que coisa estúpida de se dizer.
- É até bastante razoável – conclui, antes de ser acionada pelo freguês que usava um terno
tropical-inglês-brilhante.

O mente sombria já tinha doado todas as cadeiras de sua mesa para as mesas vizinhas. Ele bebe café freneticamente, enquanto pensa na cena que tinha acabado de ver. O ocorrido deu-se no ponto de ônibus e envolveu as duas mãos de um velho enrugado, que tinha gazes envolta das canelas. O velho estava terminando o seu cigarro, quando decidiu sentar-se ao lado do mente. Tomou assento e deu o último trago. Esfregou o nariz, cruzou as pernas e começou a bater palmas. Foi o início de uma longa salva de palmas medíocres. Não eram palmas tímidas. Também não dignificavam um “Bravo!”. A coisa aplaudida, que podia ser nada ou tudo, ou qualquer coisa entre nada e tudo, acabou quando o ônibus chegou. O velho sumiu no Guaruá 226. Na falta do que pensar sobre o enrugado, que provavelmente só gostava do estalo, o mente resolve observar um escoteiro-veado que entrou na cafeteria. O jovem era dado à desmaios públicos, palpitações, taquicardias e calafrios violentos. Foi uma década difícil para ele. O escoteiro escolhe uma mesa perto do banheiro e pede:
- Um digestivo, por favor.

Nas barbas da polícia, uma criança suga nada com o canudinho dentro do copo sem suco.
De repente, na mesa dos fundos, depois do primeiro gole no café, o rapaz pergunta para menina:
- Qual é exatamente a minha parte na sua vida?
- Eu gosto de dividir meu tempo com você.
- A minha geladeira está vazia, eu não tenho saído muito e o meu vizinho reclama do barulho.
- Eu ponho música para minha vizinha e ela gosta.
Discretamente feliz, ele continua:
- Você acha que ainda preciso tomar mais banho e fazer um esporte?
Com um arzinho doce ela responde:
- Só se você quiser.
Aurora.

Três Marias combinam de morrer muito velhinhas, assoladas por dúvidas.
De repente, um ar de pernas, que tem sempre dois reais na bolsa e prefere homens lacônicos, se levanta. Mal sabe o par de pernas, que o seu romance com o galã do caixa vai começar naquele instante:
- Uma garrafinha de água e um café pequeno.
- 1, 40
O galã do caixa devolve 60 centavos e diz:
- Eu tive um pressentimento
- E eu não.
Kenny G.

sábado, 3 de novembro de 2007

frequentemente me sinto uma espiã

Homem olha para goteira (barulho de goteira o tempo inteiro), fuma e bate as cinzas na mulher-cinzeiro. Barulho de salto no chão molhado. Espiã chega. Homem levanta e oferece lugar para espiã. Homem acende cigarro da espiã. Mulher-cinzeiro exerce a sua função mais uma vez. Depois de bater a primeira cinza no bolso de cinzeiro, Espiã começa a falar.

(NATÁLIA) Sempre fui absolvida em primeira instância.
(PAULO) Você precisa ter medo de morrer, querida.
(NATÁLIA) Morrer não é nada que não esteja previsto numa ópera de Puccini.
(PAULO) Idiota, Como posso ajuda-la?
(NATÁLIA) Você é de uma benevolência diabólica.
(PAULO) Eu gosto de você, embora nunca tenha confiado na higiene bucal das prostitutas.
(NATÁLIA) Biltre. Eu só quero um punhado de balas de festim.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

offs que não vingaram

A dupla Dior atravessou o túnel do tempo e continua atual, para você dar a última palavra num jantar de negócios, por exemplo. O Spencer, em garbadine acetinada, é discreto e chic. A voillete, você reserva para um casório. Quem sabe o seu, no civil?

Atenhamo-nos à este caso de peso e leveza. Esta blusa de tule tem a propriedade de anular o peso do corpo envolto. O peso dos pensamentos pode ser descontado com o uso deste capuz e assim será possível prosseguir na mastigação de nossa própria nulidade

Faça da elegância a sua marca registrada, a bordo de mais uma criação faiscante do mestre. O blazer ajusta o corpo com basque estilizada. Não dispense belos saltos e brincos, no melhor estilo poderosa por um dia.

"Por razão de o trabalho individual ser impotente e estéril, ele não poderia vencer a natureza das coisas. A busca da liberdade seria, portanto, um esforço coletivo presente para sua construção num futuro." Após um esforço em dupla, a liberdade individual de duas pernas. O pareô não-anráquico é recusado por pessoas solitárias.

Quem imaginaria que a retirada do volume entre-pernas do parêo nasceria uma bata com duas orelhas?

Não precisa investir até o último real no guarda roupa de inverno, desde que tenha no armário um conjunto em gabardine listrada. No novo conceito Dior, o blazer foge dos padrões, com grandes abas nos bolsos.

O blazer estruturado com entretela tenta imiotar uma basque, privilegiando “as descadeiradas”. Dica: a saia é a mesma dos outros tailleurs, portanto é fácil ter todos. Com este Dior, em crepom, você rouba a cena até num casamento.

Nas blusas, em geral, existem quatro círculos: dosi menores para os braços, um intermediário para a cabeça e outro grande para a cintura. Pois bem, um quinto círculo constitui um amplo sistema de ventilação que decsoberta longilínea prancha de sustentação do corpo humano.

Proposta dois em um pra quem não abre mão da sofisticação. Em shantung, o vestido - que parece saia, tem decote em V, detalhado por tirar, em organza estampada. Bossa visível na gola Dior do casaco. Atenção: as mangas ficam no comprimento que você quiser.

Esta roupa é um caso de diâmetros, ataduras e ligaduras, e pareensão de ar. Desaconselhamos a submersão do conjunto ser-bata na água, pois, como você sabem, a roupa é a sua segunda casa.

Se na década de 40, as calças surgiram timidamente, este ano, são imprescindíveis, já que o terno é o grande trunfo da estação. Emtela rústica, esta primorosa criação Givenchy está liberada para altas e baixinhas.

Reentrante, está a morte. O prestígio da penumbra nesta peça esrá associado às qualidades do arboredo criado por Alferd Hitchcock.

Empine tudo que puder porque o spencer translumbrante supervaloriza o colo e denuncia o macacão, os dois em microfibra de seda.

O macacão, como todos sabem, possui um único caminho para seres humanos e neste caso específico, vários caminhos para os seres linhas, nunca esquecidos.

domingo, 28 de outubro de 2007

"zerrô zerrô" é o nome do bar que os meninos frequentam em paris?

Eu gosto de blogs cheios. Que você pode ler com compulsão. Porta adentro, você busca a pessoa sentadinha diante do seu computador. Este momento do primeiro post vai sempre me parecer ridículo. E por muito tempo, este vai ser um blog miserável.